Agora sim! Vamos ser todos felizes e trabalhar com mais alegria!
Por despacho!
A Sra. Secretária de Estado da Saúde anunciou, com alegria, aliás como se impunha, a criação dum grupo de trabalho só para «criar condições que promovam o bem estar dos trabalhadores do SNS».
Que maravilha! Agora tudo vai funcionar melhor e vamos todos ser mais felizes!
Mas, Sra. Secretária de Estado, para quê mais grupos de trabalho?
Poupava tempo e dinheiro se ouvisse os médicos.
Eles sabem bem o que é necessario para atingir esses objetivos a que se propõe o referido grupo de trabalho.
O diagnóstico está feito. Tem dúvidas? Pergunte ao seu médico.
Falta é a terapêutica. Sabe porquê? Porque esta, infelizmente, não está na mão dos médicos.
Dê-nos mais recursos, humanos e materiais, para que ao fim do dia os médicos não cheguem extenuados a casa e possam ainda ter tempo para si próprios e suas familias – e todos serão mais felizes!
Dê-nos mais recursos, humanos e materiais, para que os doentes possam ser atendidos com mais dignidade e ainda maior qualidade – e aumentará a motivação e o bem estar!
Dê-nos melhores salários e a possibilidade de uma progressão devida na carreira, com a contagem do tempo que já trabalhamos – e estará a aumentar a nossa motivação e qualidade!
Dê-nos concursos a tempo e horas – e teremos profissionais nos locais certos, no tempo certo, sem excesso de trabalho – e todos ficarão mais contentes!
Dê-nos um sistema informático «amigo» dos médicos e dos doentes – e evitaremos o desespero e o bournout!
Dê-nos a possibilidade de termos mais tempo para os nossos doentes, com listas mais pequenas e melhor dimensionadas
Dê-nos possibilidade de trabalhar com autonomia e responsabilidade
Tire-nos os gestores incompetentes!
Tire-nos as burocracias e grilhetas desnecessárias!
Para quê mais grupos de trabalho e comissões?
Nós não queremos mais comissões.
Queremos resoluções!
Nós queremos soluções!
E seremos todos muito mais felizes!
Artigo de opinião de João Proença,
Médico neurologista e presidente da FNAM,
publicado na edição de 13 de Março de 2018
do Jornal Público.
Desde sempre, a FNAM tem participado em negociações, por vezes, com grande adesão e apoio dos médicos. Foram possíveis ganhos significativos, como foi o DL 73/90 da carreira médica. No anterior governo negociamos sempre e fizemos greves e concentração com milhares de médicos. Este ministério tem arrastado as reuniões durante dois anos para uma mão cheia de nada! Neste momento não há negociação digna desse nome.
Este ministério, ao mesmo tempo que paga 120 milhões a empresas de trabalho temporário, não abre concursos atempados, empurrando os médicos para fora do Serviço Nacional de Saúde: para a medicina privada, para as empresas de trabalho temporário e para o estrangeiro. As várias PPP que gerem quatro hospitais públicos fecham serviços, anulam consultas e cirurgias. Visam apenas a otimização do lucro. Nesses hospitais não há lugares de carreira. Infelizmente esta prática já atinge também algumas EPE. O ministério fecha hospitais e serviços para os entregar aos grupos privados.
Artido de Joaquim Viana, publicado no Diário As Beiras.
De acordo com os estudos sobre o assunto, o número de anestesistas em Portugal está próximo das necessidades. Quando faltam anestesistas nos locais remotos diz-se que a culpa é dos médicos que não querem sair dos grandes centros. E quando faltam anestesistas nos hospitais públicos de Lisboa, Coimbra e Porto, a culpa é de quem? Há qualquer coisa de estranho que merece ser analisada.
Na generalidade, os grandes hospitais têm capacidade instalada – recursos humanos, técnicos e instalações – que lhes permitem produzir bastante mais nas áreas cirúrgicas e alegam a falta de anestesistas como justificação para os números que apresentam.
Na região Centro a situação é dramática. Segundo a ACSS, o CHUC tem, na relação entre horas que dispõe de anestesistas para rotinas e o número que tem de salas de operações, o valor mais baixo de todos os hospitais centrais – por exemplo, menos de metade do que dispõe o Centro Hospitalar do Porto.
Um médico anestesista num hospital público realiza, números redondos, cerca de 500 anestesias por ano, podendo facilmente fazer mais 200 anestesias se participar na produção adicional. Ao preço a que as cirurgias são pagas aos hospitais através dos contratos-programa, ter mais um médico anestesista pode significar para um hospital faturar mais um milhão a milhão e meio de euros por ano. Em sentido contrário, menos um anestesista pode significar a entrega desse mesmo montante à clínica privada, no âmbito dos “cheque cirurgia” do combate às listas de espera.
Multipliquemos este valor pelos anestesistas em falta e, como se percebe, os montantes em jogo e os interesses envolvidos têm demasiada relevância para que se possam aceitar explicações que, por vezes, contrariam a mais elementar lógica.
Há perguntas que carecem de resposta: porque há hospitais centrais onde se vão abrindo vagas e vagas e quase nenhum anestesista quer ficar e outros onde os anestesistas querem ficar e não se abrem vagas sequer para repor os que se reformam?
De quem é a responsabilidade disto – dos hospitais (que sendo “empresas públicas” são teoricamente autónomos) ou das estruturas que os controlam que, de facto, não deixam as instituições dar um passo sem pedir licença? Porque razões nalguns lados os anestesistas querem trabalhar e noutros, a pouca distância e com condições aparentemente semelhantes, quase ninguém quer trabalhar?
Há relação entre este facto e a forma como é exercida a direcção aos mais diversos níveis? Tem que ver com a forma como são dirigidos os Serviços de Anestesia? Tem que ver com umas tantas Administrações hospitalares violarem sem vergonha os acordos laborais que o próprio Estado assinou e com a perda de credibilidade que resulta do facto da tutela fechar os olhos a estes comportamentos?
Captar e conservar os bons profissionais é fulcral para o futuro de um SNS público e de qualidade. Negar a falta de anestesistas nos hospitais públicos de Coimbra só pode ser uma anedota de mau gosto. Mas alegar a falta de anestesistas sem procurar conhecer detalhadamente as suas causas só serve para colocar uma cortina de opacidade sobre as responsabilidades e os interesses subjacentes.
"os burocratas sãos dos piores inimigos do SNS"
De uma forma geral, nós assistimos a uma burocratização crescente das nossas sociedades.
Este problema quase tão velho como a própria civilização, tem assumido diversas variantes conforme as diferentes épocas históricas.
Os burocratas surgem aos olhos dos cidadãos como seres desumanizados, como simples elos de uma máquina, de um aparelho, qualquer coisa de hostil e de impessoal, reinando acima dos seres humanos.
A semelhança estabelecida entre a alienação humana por relação ao Estado e ao representante do Estado, o burocrata, de um lado, e a alienação humana aos produtos do seu próprio trabalho, por outro lado, é claramente tão estreita que determina uma interrelação rigorosa entre os dois tipos de alienação.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a maior realização do nosso regime democrático nestes 40 anos, numa construção social de profundo alcance humanista e que materializa as grandes tradições de solidariedade da nossa cultura secular.
Os enigmas do Ministério da Saúde ou o comissariado político em todo o seu esplendor
a questão do comissariado político e das clientelas dos aparelhos partidários do Governo assume uma importância relevante na análise sobre a delicada situação no sector da saúde.
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