Face à intransigência do Ministério da Saúde (MS) de Ana Paula Martins em aceitar negociar soluções que sejam verdadeiramente capazes de atrair médicos para o SNS, como a negociação das grelhas salariais base a tempo da inscrição no próximo Orçamento de Estado e a melhoria das condições de trabalho, os médicos foram empurrados para a greve onde exigem respeito e na defesa do SNS. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) emitiu pré-avisos de greve para os dias 23 e 24 de julho, com concentrações no dia 23, no Porto, Coimbra e Lisboa, e para o trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto.
Apesar da FNAM ter aceite todos os temas propostos pelo MS no protocolo negocial - como a revisão do sistema de avaliação, da formação no âmbito do internato médico e das normas particulares de organização do trabalho médico - este recusou integrar as soluções da FNAM, e iniciar a negociação das grelhas salariais em paralelo, adiando-a para 2025, e impedindo assim, a recuperação da perda do poder de compra na última década de 18,5%, a maior na Administração Pública e que nos mantém entre os médicos mais mal pagos a nível europeu.
Além disso, mantiveram a intransigência de não aceitar a discussão da revisão do período normal de trabalho semanal tendo em vista a reposição das 35 horas e a reintegração do internato na carreira médica, medidas que não teriam qualquer impacto orçamental negativo.
Em vez de negociar, o MS de Ana Paula Martins publicou, de forma inflexível e unilateral, dois Decretos-Lei, ambos sem o acordo da FNAM. O primeiro atrasou o recrutamento de recém-especialistas para o SNS, que apesar de terem terminado a sua formação em março estão ainda por colocar, e outro onde alterou a forma de pagamento do trabalho suplementar para além dos limites legais, passando a ser pago como normal, e atribuição de suplementos através de um sistema perverso de contabilização de horas em blocos de 40.
Fazemos esta greve como um grito de alerta a Ana Paula Martins, a quem exigimos respeito, o início de uma negociação séria, competente e sem negociatas obscuras, para chegar a soluções que, com celeridade, consigam verdadeiramente atrair mais médicos para o SNS, a bem da saúde da população em Portugal.
A esta greve geral soma-se a greve ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto e o apelo à recusa dos médicos realizarem trabalho suplementar para além dos limites legais.
Doctors in Portugal pushed towards strike demand respect from the Health Ministry
Given the intransigence of the Health Minister, Ana Paula Martins, in agreeing to negotiate solutions to attract doctors to the National Health Service (NHS), namely new salary grids to be included in the next State Budget and improvement of current ailing work conditions, doctors were pushed to strike, demanding respect and support to the NHS. The National Federation of Doctors (FNAM) issued strike notices for July 23th and 24th, with rallies on the 23th, in Porto, Coimbra and Lisbon. The notice also covers strike against overtime work in primary health care until August 31st.
In Portugal we have 1.6 million citizens without a family doctor. Moreover, obstetrics and pediatric emergency rooms are often closed, forcing pregnant women and children to travel many miles, and there are long waiting times in general emergency rooms due to the lack of doctors. Doctors in Portugal are among the lowest paid in the European Union and have seen their working conditions deteriorate over the last two decades. Therefore, doctors are quitting the NHS in exchange to the private sector, working in outsourcing and emigration.
Although, FNAM accepted all the issues tabled by Health Minister in current negotiating protocol - such as the review of the evaluation system, medical residency training, and specific rules for organizing medical work – the Ministry refused to integrate our solutions to attract doctors to the NHS, such as the starting of negotiation process on salary grids and postponed it to 2025.
Therefore, the recovery of purchasing power loss in the last decade of 18.5% is jeopardized. It should be mentioned that this loss is the highest in all Portuguese Public Administration.
Furthermore, the Ministry has been intransigent by not accepting the review of normal weekly working period towards the 35-hours and reintegration of medical residents into the medical career, measures that would not have any negative impact in the State Budget.
Instead of negotiating, the Health Minister published, unilaterally, two Decree-Laws, without FNAM agreement. The first delayed the dire need for recruitment of new specialists for the NHS, who despite having completed their training in March are still to be placed. The other, changed the method of payment for overtime work beyond legal limits. In this case, doctors will be paid as normal work with allocation of supplements through a perverse system of counting hours.
We are committed to carry out this strike as a warning call to the Health Minister Ana Paula Martins, from whom we demand respect, the start of serious negotiations to reach true solutions in order to attract more doctors to the depleted NHS for the improvement of overall population health in Portugal.