Uma vez mais o Ministério da Saúde (MS) ainda não apresentou medidas capazes de atrair e fixar médicos, continuando assim sem conseguir travar a destruição do SNS.
A FNAM esteve hoje de boa-fé na reunião no MS, e levou uma vez mais à mesa de negociações as soluções para melhorar as condições de trabalho e a grelha salarial dos médicos de forma equitativa, medidas sem as quais o SNS não sobrevive.
No entanto, o Ministério do Manuel Pizarro continua sem apresentar as atas das reuniões prévias, ordem de trabalhos ou documentos. Apresentaram apenas tópicos dos diplomas da Dedicação Plena (DP) e das Unidades de Saúde Familiar (USF) previamente aprovados em Conselho de Ministros, sem o acordo da FNAM, onde mantém na DP o aumento do limite anual do trabalho suplementar de 250 horas, o aumento da jornada diária de trabalho de 9 horas, o fim do descanso compensatório após o trabalho noturno e a inclusão do trabalho ao Sábado para os médicos que não fazem Serviço de Urgência (SU), que agravam a possibilidade dos médicos poderem conciliar a sua vida profissional, pessoal e familiar. Nas USF fazem depender alguns suplementos remuneratórios em função do número de meios complementares de diagnóstico e prescrições farmacológicas.
A abertura negocial previamente projetada pelo MS, não evoluiu no sentido das soluções apresentadas pela FNAM de reposição do horário de 35 horas para todos médicos, aumento transversal e equitativo do salário base para todos, sem ser à custa de suplementos, de um novo regime de dedicação que não prejudique os direitos dos médicos e a segurança dos doentes, a reposição das 12 horas de urgência e a integração do internato na carreira médica.
Assim a política do Ministério de Manuel Pizarro continuará a ser responsável pelo encerramento dos Serviços de Urgência e de camas de Cuidados Intensivos, por falta de médicos, com potenciais fatalidades e consequências muito graves para os doentes.
A FNAM mantém a greve agendada para 14 e 15 de novembro, o apoio a todos os médicos que se recusam a ultrapassar o limite legal das 150 horas suplementares, assim como confirma a reunião, em Bruxelas, com os eurodeputados e com o Comissariado para a Saúde, liderado pela Comissária Stella Kyriakides.
Ficou agendada uma próxima reunião para o dia 27 de outubro, no MS, às 11h00, onde apresentaremos a nossa derradeira contraproposta no sentido de conseguir um acordo capaz de recuperar a carreira e salvar o SNS.
Este é o nosso compromisso para com todos os médicos e o SNS, que o queremos acessível, universal e de qualidade para toda a população.
O Conselho Nacional (CN) da FNAM esteve hoje reunido em Coimbra, no segundo dia de greve nacional, para avaliar o pouco que ainda se sabe da proposta do Ministério da Saúde (MS). Na análise que foi possível fazer, uma vez mais sem estar na posse de qualquer documento articulado quando faltam 24 horas para a reunião negocial, o CN sublinhou as soluções que os médicos têm para que se consiga construir um acordo capaz de recuperar a carreira médica e salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Depois dos 85% do primeiro dia, o segundo dia de greve foi ainda mais significativo, com 90% de adesão, o que revela, uma vez mais, o descontentamento e a grande unidade dos médicos. Depois destes dois dias de greve, e de uma manifestação que, não obstante a intempérie, levou meio milhar de médicos à porta do MS, o CN da FNAM vê reforçada a sua capacidade para, de uma vez por todas, levar o Governo a legislar em função das necessidades dos médicos e do SNS, em detrimento da sua insistência na divisão da carreira médica em médicos de primeira e de segunda, desregulando uma mão cheia de direitos que salvaguardam os médicos, os doentes e a melhor prática clínica.
A FNAM só aceitará um acordo que responda às necessidades do SNS e que seja capaz de atrair e fixar os médicos. Os médicos estiveram e estarão sempre dispostos a sacrifícios pelos utentes para salvar o SNS, mas não podem fazer o impossível e ultrapassar a exaustão sem que haja um vislumbre de melhores condições de trabalho.
O Ministro Manuel Pizarro tem verbalizado habilmente na comunicação social, a manutenção da desigualdade em vez da equidade nos médicos. A abertura em negociar de Manuel Pizarro reflete-se na reposição da jornada das 35 horas, mas apenas para os médicos especialistas hospitalares que fazem serviço de urgência (SU). Além disso, na dedicação plena, mantém o aumento do trabalho suplementar para além dos limites legais de 150 horas, o aumento medieval da jornada diária de 8 para 9 horas, o fim do descanso compensatório após o trabalho noturno, e a inclusão do sábado como um dia de trabalho regular para os médicos que não fazem SU.
Por fim, o MS insiste num salário base sem equidade entre os médicos, sem a justa atualização, e sem garantir, transversalmente, a recuperação do poder de compra para todos, culminando numa fragmentação que em nada contribuirá para atrair e fixar médicos no SNS.
A FNAM mantém-se de boa fé em todo este processo, apesar de ser difícil recuperar a confiança num MS que não foi capaz, nos últimos 18 meses, de se aproximar das soluções que os médicos têm apresentado. Assinalamos ainda que o MS continua sem enviar as atas de reuniões passadas, os articulados dos diplomas da dedicação plena e das unidades de saúde familiar aprovadas unilateralmente, sem a concordância da FNAM, em Conselho de Ministros. Além disso, lamentamos que o MS privilegie a comunicação social para fazer chegar, de forma propagandista, algumas das que diz serem as suas intenções, escondendo a intransigência de dar com uma mão o que está a tirar com a outra, aos médicos e ao SNS.
A grande unidade dos médicos é, por esta altura, o melhor garante que não pode continuar tudo na mesma, pelo que, reafirmamos as formas de lutas programadas, possíveis de reverter quando o Governo estiver à altura de legislar de acordo com as necessidades dos utentes e do país, através da incorporação das soluções que médicos apresentam para salvar a carreira médica e o SNS.
Mais de meio milhar de médicos, vindos de todo o país, enfrentaram a chuva e estiveram hoje em frente ao Ministério da Saúde, numa manifestação onde se exigiu que Manuel Pizarro incorpore as propostas dos médicos para salvar a carreira médica e o Serviço Nacional de Saúde (SNS). No primeiro dia de greve nacional a adesão foi de 85%.
O primeiro dia de greve e a manifestação revelaram que os médicos estão unidos e mobilizados para obrigar o Ministro Manuel Pizarro a ouvir as reivindicações dos médicos e a legislar em conformidade com as necessidades do SNS.
Exortamos uma vez mais o Governo a abandonar a teimosia e as sucessivas tentativas de divisão dos médicos, que ouça também o país e as necessidades dos utentes, e que tenham a necessária competência e vontade política de incorporar as soluções que os médicos não abrem mão e das quais o SNS não pode continuar à espera.
Amanhã, no segundo dia de Greve, a FNAM convocou um Conselho Nacional Extraordinário, em Coimbra, entre as 10h00 e as 13h00, com o objetivo de analisar em profundidade as projeções apresentadas no MS na última reunião. Sabemos bem quais as linhas vermelhas a levar ao Ministério da Saúde no dia seguinte, para nova ronda negocial.
NOTA DE AGENDA
Dia 18
2º dia de Greve e Conselho Nacional Extraordinário da FNAM
Coimbra
10h00 – 13h00 | Conselho Nacional Extraordinário da FNAM, em Coimbra, Rua de Tomar, nº5, Coimbra
Dia 19
15h30 | Reunião negocial no Ministério da Saúde
O dominó de tragédias anunciadas e potenciais eventos fatais que venham acontecer, tendo em conta o encerramento dos Serviços de Urgência de norte a sul do país, são da inteira responsabilidade da política de Saúde que tem vindo a ser praticada pelo Ministério de Manuel Pizarro. Nos últimos 18 meses a Federação Nacional de Médicos (FNAM) apresentou ao Ministério da Saúde (MS) as principais medidas a adotar para atrair médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que o Governo escolheu ignorar. A greve para todos os médicos nos dias 17 e 18 de outubro, na próxima terça e quarta-feira, e a manifestação do dia 17, terça-feira, às 15h, no Ministério da Saúde, em Lisboa, têm como objetivo fazer uma viragem crucial para salvar a carreira médica e o SNS.
Nos últimos 18 meses as políticas de saúde praticadas pelo Ministério de Manuel Pizarro têm sido desastrosas, com um arrastar de negociações em negociações sem chegar a um acordo com soluções reais para os médicos do SNS.
Além disso, demonstrou total incapacidade para resolver problemas de gestão institucionais, de norte a sul do país, como a manutenção de um Conselho de Administração (CA) da ULSAM (Unidade Local de Saúde do Alto Minho) que está em funções irregulares desde 2019, dando aval a diretores de serviço arrogantes que visam o assédio moral de forma sistemática, e que ficará reduzido a dois elementos com a demissão da Diretora Clínica e de Enfermagem. O mesmo se pode dizer pela manutenção do CA do Hospital de Santa Maria, que não consegue resolver o problema das demissões e rescisões na Obstetrícia, continuando a mandar grávidas e utentes relacionadas com a interrupção voluntária da gravidez para o sector privado, com prejuízo do erário público.
Perante a ausência de soluções por parte do Ministério de Manuel Pizarro, os médicos estão unidos com o dever de cumprimento dos seus direitos, com a entrega das declarações de indisponibilidade para fazer mais trabalho suplementar para além do limite legal das 150 horas anuais, culminando no encerramento de Serviços de Urgência de norte a sul do país. Toda e qualquer tragédia ou evento fatal que venha a acontecer será da inteira responsabilidade de Manuel Pizarro.
Não é legítimo pedir aos médicos ainda mais trabalho suplementar para além dos limites legais, aumentar a jornada de trabalho diária para 9 horas, incluir o trabalho ao sábado como trabalho normal ou perder o direito ao descanso compensatório depois de fazer uma noite, num novo regime de trabalho que escolheram decretar unilateralmente.
Por outro lado, é imprescindível que a atualização das tabelas salariais seja transversal para todos os médicos e sem desigualdades. Queremos maior cuidado com os internos, integrando-os na carreira e melhorando os seus salários para que consigam pagar o custo de vida nos centros urbanos.
Os médicos do SNS são os médicos de toda população, querem poder fazer o seu trabalho de forma digna e serem devidamente valorizados para a sua responsabilidade e penosidade.
A FNAM exige um Ministro que perceba de Saúde, cujas políticas abandonem a teimosia e a divisão dos médicos, e que tenham a necessária competência e vontade política de incorporar as soluções que os médicos apresentam para uma negociação séria e capaz de chegar à construção de um futuro acordo.
Faremos greve nos dias 17 e 18 de outubro e estaremos à porta do Ministério da Saúde no dia 17, para uma manifestação para todos os médicos e para a qual convidamos as associações de utentes, o Sindicato Independente dos Médicos, a Ordem dos Médicos, os Médicos em Luta, entre outras organizações, de forma a garantir que Manuel Pizarro escuta quem conhece a realidade, e avança com as medidas pelas quais os médicos e o SNS não podem continuar à espera.
NOTA DE AGENDA
Greve, Manifestação e Conselho Nacional Extraordinário
Dia 17
1º dia de Greve
Manifestação no Ministério da Saúde
- 15h00 - Ministério da Saúde - Avenida João Crisóstomo, 9
Dia 18
2º dia de Greve
Conselho Nacional Extraordinário da FNAM
- 10h00 – 13h00 | Conselho Nacional Extraordinário da FNAM, Rua de Tomar, 5, em Coimbra
Dia 19
15h30 | Reunião negocial no Ministério da Saúde
Depois do Norte e do Centro, onde continuam a multiplicar-se as reuniões, o Tour da FNAM está também a Sul, com visitas ao Hospital do Espírito Santo, em Évora, ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e ao Hospital Santa Maria, em Lisboa.
ÉVORA
Na primeira etapa do Tour da FNAM na região Sul do país, estiveram presentes mais de 60 médicos no Hospital do Espírito Santo de Évora, entre colegas Hospitalares e de Medicina Geral e Familiar, demonstrando o seu empenho na recusa em exceder o limite legal anual das 150 horas suplementares e a necessidade em obterem informação jurídica sobre este e outros assuntos.
A delegação foi composta por dirigentes da FNAM e do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), e uma advogada do serviço jurídico do SMZS, disponível para esclarecer as várias questões apresentadas pelos colegas presentes. As implicações da recusa em exceder as 150 horas suplementares foi o tema predominante.
Sentiu-se uma preocupação com o trabalho médico a longo prazo: é exigível aos médicos que continuem a trabalhar centenas de horas suplementares por ano, com cada vez piores condições de trabalho e em serviços cada vez mais depauperados? A resposta veio rapidamente, considerando-se ser fundamental continuar com esta luta, da qual depende o futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos jovens médicos.
A indisponibilidade de trabalho suplementar para além das 150 horas suplementares é uma forma de luta importante, que, acompanhada pela greve de 17 e 18 de outubro, e pela manifestação de 17 de outubro, pelas 15h00, em frente ao Ministério da Saúde, servirá para os médicos inequivocamente mostrarem que chegaram ao limite. É preciso, por isso, salvar o SNS e é preciso cuidar de quem cuida.
LISBOA
No dia 10 de outubro, o tour da FNAM marcou presença em dois hospitais da Grande Lisboa, de manhã no Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e à tarde no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A reunião com os colegas na Amadora decorreu com cerca de 30 médicos do hospital, onde foram esclarecidas várias questões e dúvidas sobre a campanha da escusa em fazer mais do que as 150 horas suplementares anuais. Neste hospital, sentiu-se um grande compromisso dos colegas com esta luta, com o objetivo de melhorar os cuidados prestados aos utentes e as condições de trabalho dos médicos.
No Hospital de Santa Maria, foram mais de 20 colegas que marcaram presença para conhecer melhor como decorreu o processo negocial entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos, particularmente as propostas apresentadas pela FNAM no âmbito nestas negociações, com alguma expectativa nos próximos passos a tomar. Há um consenso sobre a grande união entre os médicos e deste ser um momento decisivo na luta para salvar o SNS.
Após os esclarecimentos fornecidos durante a reunião, os médicos do serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, entre internos e especialistas, decidiram, por unanimidade, apresentar a declaração de escusa em realizarem mais do que as 150 horas suplementares anuais.
Na Zona Sul, o tour da FNAM prossegue nos dias 19 (Hospital Beatriz Ângelo e Hospital de Faro) e 20 de outubro (Hospital Distrital de Santarém e Unidade de Abrantes do CHMT). Vamos continuar a ouvir os médicos e a mobilizá-los, de forma a que não restem dúvidas ao Governo e ao Ministério da Saúde que terão de tomar medidas emergentes para fixar médicos no SNS.
O Ministério da Saúde mostrou abertura para recuar nas suas intenções, falta agora avançar numa proposta que incorpore as reivindicações dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A concretização de um acordo está nas mãos de Manuel Pizarro. Assinalamos o aparente aproximar de posições, mas não nos deslumbramos sem que haja garantia de igualdade para todas e todos os médicos, em termos salariais e de condições de trabalho, sem perda de direitos e sem colocar em risco a segurança de médicos e utentes. Assim, mantemos a greve de 17 e 18 de outubro e a manifestação de dia 17, às 15h, no Ministério da Saúde, para que a defesa da carreira médica e do SNS sejam uma realidade.
De forma a garantir que as promessas, desta feita, se cumprem, e não ficam pelas intenções apresentadas em slides e previamente divulgadas à Comunicação Social, convidamos para a manifestação o Sindicato Independente dos Médicos, os Médicos em Luta e a Ordem dos Médicos, para que, em unidade, continuemos a exigir um programa capaz de concretizar, de uma vez por todas, a fixação de médicos no SNS.
Estaremos presentes na reunião agendada pelo Ministério da Saúde na próxima quinta-feira, dia 19, às 15h30, para, de boa fé, com a expectativa de poder celebrar um acordo histórico, à altura de salvar a carreira médica e o SNS.
Sabemos que não há SNS sem médicos, que somos os médicos de toda a população, pelo que continuaremos a lutar por um SNS universal, acessível e de qualidade.
A FNAM reuniu com médicos da Unidade Hospitalar de Bragança, para apresentar as suas reivindicações face às propostas do Governo, e esclarecer os médicos das consequências das medidas apresentadas pelo Ministério da Saúde nestas negociações. No decorrer da iniciativa também houve espaço para registar o relato de atropelos aos direitos laborais dos médicos, provenientes do Conselho de Administração.
Em destaque esteve a constitucionalidade do das propostas do Governo relativamente à Dedicação Plena e às Unidades de Saúde Familiar, bem como o consequentemente aumento ao limite do trabalho suplementar para as 250 horas.
A FNAM informou que “os documentos oficiais já foram pedidos duas vezes”, no entanto, não houve qualquer resposta da parte do Governo. Em termos legais, as 150 horas anuais é uma “norma imperativa com proteção constitucional”, estando por isso os médicos salvaguardados.
O esclarecimento do funcionamento da mobilidade funcional, foi uma das inquietações dos médicos, devido à pressão exercida por parte do Conselhos de Administração para a realização de Serviço de Urgência, sobre o pretexto de mobilidade funcional. A FNAM salientou que quando um médico é retirado das suas funções para realizar serviço de urgência, não pode ser considerado mobilidade funcional.
A FNAM garantiu que a indisponibilidade para a prestação de trabalho suplementar para além das 150 horas tem sido uma forma de protesto que tem obtido resultados e que deve ser complementada com a adesão em massa à greve marcada para dia 17 e 18 de outubro e à concentração, no dia 17, às 15h, em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
Durante a tarde de ontem recebemos a convocatória do Ministério da Saúde (MS) para uma reunião na próxima quinta-feira, dia 12 de outubro, às 15h, no MS, em Lisboa. Com este agendamento, o Fórum Médico, que tinha sido convocado pela Ordem dos Médicos (OM) para a mesma data, passou para a próxima segunda-feira, dia 16, às 15h30, no Porto.
A FNAM confirma a sua presença quer na reunião com o MS quer no Fórum Médico, com o objetivo de tentar, uma vez mais, garantir um plano de emergência para salvar a carreira médica e o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Lamentamos que na convocatória do MS não tenha sido enviada, uma vez mais, qualquer documentação anexa, que permitiria certamente outra capacidade de trabalho.
Relativamente ao Fórum Médico mostramos disponibilidade para antecipá-lo para dia 15 de setembro, data em que se combinaria a Cimeira Sindical, mas por impossibilidade da OM e por consensualização de agendas, ficou marcada para 12 de outubro, mas novamente adiada para 16 de outubro, às 15;30, no Porto, tendo em conta a marcação da reunião no MS com ambas as estruturas sindicais para o mesmo dia. Assim, no próximo dia 12, iremos articular com o SIM uma data para a Cimeira Sindical.
Desde já, a FNAM convida o SIM, bem como a OM, a estarem presentes na concentração em frente ao Ministério da Saúde, marcada para o dia 17, primeiro de dois dias de greve nacional para todos os médicos, às 15h, para que em conjunto deixemos claro ao MS e ao Governo a grande unidade dos médicos na valorização da profissão e carreira, onde reivindicamos salários justos e condições de trabalho dignas, na defesa do SNS.
Em ofício enviado ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a FNAM concretizou o pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade da legislação que o Governo pretende aplicar relativa à Dedicação Plena. Se nada for feito para travar as intenções do Ministério da Saúde, a Dedicação Plena vai ser conhecida como o que faltava para a Destruição Plena do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Depois de, no passado mês de junho, em sintonia com o pedido feito pela FNAM, a Procuradora-Geral da República ter requerido a fiscalização da constitucionalidade do aumento do limite anual do trabalho suplementar para os médicos para além das 150 horas, defendido pelo Governo, entendemos que a mesma fiscalização constitucional deve ser feita para a proposta da dedicação plena (DP) feita pelo Ministério da Saúde (MS).
O Governo deu-nos a conhecer, no passado dia 7 de setembro, um anteprojeto de decreto-lei que regula o “Regime de dedicação plena e outros”, tendo sido aprovado, unilateralmente e sem o nosso acordo, aparentemente com alterações que não são ainda conhecidas, uma semana depois, a 14 de setembro, em reunião do Conselho de Ministros (CM). Apesar de ter solicitado ao Ministro da Saúde, no passado dia 15 de setembro e novamente no dia 29, a versão final do texto legal aprovado em Conselho de Ministros, a FNAM não recebeu, até à presente data, o documento em causa, não obstante o prazo legal de 10 dias fixado para o efeito.
Na proposta do Governo, o regime de dedicação plena dos médicos da área hospitalar que realizam serviço de urgência, implica:
- A prestação de até 18 horas de trabalho semanal normal nos serviços de urgência, externa e interna, unidades de cuidados intensivos e unidades de cuidados intermédios;
- A prestação, quando necessário, de um período semanal único de até 6 horas de trabalho suplementar nesses serviços;
- A prestação do trabalho suplementar referido no ponto anterior não se encontre sujeita a limites máximos, quando seja necessária ao funcionamento de serviços de urgência, não podendo o médico realizar mais de 48 horas por semana, incluindo trabalho suplementar, num período de referência de seis meses, nem exceder 250 horas de trabalho suplementar por ano;
Acresce que os mesmos médicos da área hospitalar, por força da sua sujeição ao regime de dedicação plena, perdem o direito ao descanso compensatório subsequente à prestação de trabalho noturno, com redução do período normal de trabalho semanal, no período de trabalho diário imediatamente seguinte, o que corresponde, na prática, à supressão, de facto, do descanso compensatório garantido pelos instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho atualmente em vigor, por via do total esvaziamento do seu efeito útil.
Fruto das incongruências assinaladas, são evidentes as matérias inconstitucionais.
Na verdade, podemos concluir que a proposta do Governo de DP é uma proposta de destruição plena do que ainda temos em matéria de direitos laborais no SNS, e que fere as salvaguardas constitucionais em sede do princípio da proporcionalidade, do direito de conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar, do direito à prestação de trabalho em condições de segurança e saúde, do direito ao repouso e lazeres, do direito a um limite máximo da jornada de trabalho e ao descanso semanal e do dever de fixação, a nível nacional, dos limites da duração de trabalho, do dever de proteção especial do trabalho prestado em condições de risco e penosidade e, por fim, ainda, do direito à proteção da saúde que a Constituição da República Portuguesa (CRP) garante a todos os cidadãos.
Nestes termos do n.º 1 do artigo 278.º da CRP, a FNAM solicitou assim ao Presidente da República que suscite, perante o Tribunal Constitucional, a apreciação preventiva da constitucionalidade dos direitos, liberdades e garantias que entendemos feridos pela proposta do Ministro da Saúde e do Governo.
Documentação anexa, datada conforme:
15 set - Pedimos os documentos aprovados no CM (em anexo).
20 set - Enviamos ao governo considerações relativamente ao novo DL que regula as USF (em anexo).
25 set - Pedido ao Presidente da República a apelar à fiscalização preventiva (anexos Doc1, Doc2, Doc3)
29 set - voltamos a pedir os documentos aprovados no CM em 14 de set, com caráter muito urgente (em anexo).
No final da reunião do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, com o Bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Carlos Cortes, o Bastonário deu conta da “abertura” por parte do Governo para ceder em algumas reivindicações dos médicos. Manuel Pizarro não confirma, não desmente, nem tão pouco fez chegar à FNAM qualquer pedido de reunião ou proposta concreta, a partir da qual se possa trabalhar com a seriedade e a urgência que a atual situação exige. Assim, o Governo de António Costa parece querer humilhar e ofender os médicos do SNS e continuar a deixar para trás a população.
A FNAM ao longo de 16 longos meses de reuniões de negociação no Ministério da Saúde (MS), apresentou quase uma dezena de propostas, com inúmeras soluções para atrair e fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que garantiriam salários justos, através da reposição do poder de compra perdido na última década e compensando o aumento da inflação, bem como a melhoria das condições de trabalho.
No entanto, o Governo de António Costa, escolheu ignorar, e assim tentar humilhar e ofender os médicos deste país, em que o Sr. Primeiro-Ministro responde com uma chantagem da ética-deontológica e sublinha que “não é o Governo dos médicos”, mantendo o SNS depauperado de médicos e em colapso.
Manuel Pizarro e António Costa decidiram legislar unilateralmente um novo regime de trabalho (dedicação plena) e sobre as unidades de saúde familiar (USF), omitindo à população que as mesmas acarretam ainda mais trabalho para os médicos, prevê medidas inconstitucionais e com potencial prejuízo para os utentes, além de anunciar um aumento salarial médio, para os regimes de trabalho vigentes, de apenas 107 Euros por mês (cerca de 60 cêntimos por hora).
Em resposta a esta decisão irresponsável do Governo, os médicos do SNS uniram-se, de norte a sul do país, na luta pela dignidade da sua profissão e pela defesa do SNS. Os médicos estão a cumprir com o dever da Lei, declarando terem indisponibilidade para realizar mais trabalho suplementar para além das 150 horas extraordinárias anuais a que são obrigados. Os médicos estão a cumprir com o dever de cuidarem de si para poderem exercer a sua profissão, com a dignidade e segurança que se impõem e que os utentes merecem.
As consequências da rutura instalada nos serviços de urgência do SNS são da exclusiva responsabilidade das políticas de Manuel Pizarro e de António Costa, que recusam sistematicamente as soluções apresentadas pela FNAM, para salvar o SNS, e por preferiram esperar que o tempo resolva o que só pode ser solucionado com vontade política e investimento real do Orçamento de Estado na valorização da carreira médica.
A FNAM não compactua com jogadas de bastidores, nem tão pouco com reuniões infrutíferas no Ministério da Saúde e que acarretam um elevado prejuízo ao erário público. No entanto, a FNAM tem disponibilidade para nova reunião com o Sr. Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, desde que este demonstre finalmente seriedade, competência e a vontade inequívoca do Governo em querer negociar com os médicos, com incorporação das propostas previamente apresentadas. Além disso, a FNAM exige que sejam cumpridas as formalidades básicas em sede de negociação coletiva, como o envio de pedido de reuniões a tempo e horas com ordem de trabalhos e documentos escritos, que estiveram omissas nos 16 meses prévios de negociação.
A FNAM mantém a sua Caravana e as suas formas de luta, e continuará a apoiar todos os médicos que estão a entregar as declarações de cumprimento da Lei no que respeita o trabalho suplementar nos seus locais de trabalho.
Confirmamos as greves de 17-18 de outubro e de 14 e 15 de novembro, as manifestações de 17 de outubro e de 14 de novembro, às 15h, à porta do Ministério da Saúde, para todos médicos, e dada a gravidade do momento e de necessidade de unidade, convidando desde já o Sindicato Independente dos Médicos e a Ordem dos Médicos, a estarem presentes na defesa da carreira médica, na luta por salários justos e condições de trabalho dignas.
Por fim, a FNAM irá a Bruxelas em novembro, para reunir com eurodeputados a quem entregará um manifesto, bem como à Comissária Europeia para a Saúde, com denúncia da situação gritante em que as políticas do Governo de António Costa e Manuel Pizarro deixaram o SNS e apresentação das nossas soluções.
Contrariando o Sr. Primeiro-Ministro, a FNAM reafirma que os médicos do SNS são os médicos de todos os portugueses e daqueles que vivem em Portugal. A FNAM não deixa qualquer médico para trás e continua a lutar por um SNS universal, acessível e de qualidade.
GREVES NACIONAIS DE MÉDICOS
17 e 18 de outubro | 14 e 15 de novembro
MANIFESTAÇÕES NACIONAIS PELO SNS
17 de outubro e 14 de novembro | 15h | Ministério da Saúde
NEM MAIS UMA HORA extraordinária (descarrega a minuta)
Quando na última ronda negocial afirmamos que as consequências para o Serviço Nacional de Saúde seriam tão rápidas como dramáticas, Manuel Pizarro relativizou e acusou o alerta da FNAM de ser “agitação política”. A realidade demonstrou o contrário e o SNS está hoje à beira do colapso de norte a sul do país, nos serviços de urgência e em várias especialidades, com mais de 2000 médicos a recusarem superar as 150 horas de trabalho suplementar anuais previstas na lei.
A ausência de um acordo capaz de fixar médicos no SNS está na base de um problema que tem soluções, e quer Manuel Pizarro quer António Costa sabem bem quais são: 35h de trabalho semanais tal como os demais trabalhadores da saúde, revisão das tabelas salariais, não aumentar o limite de trabalho suplementar além das 150 horas, respeito pelo descanso compensatório, cumprimento pelos acordos coletivos de trabalho, desenvolvidos num plano nacional para salvar a carreira médica e o SNS.
Na entrevista que deu ao país, António Costa, sem nada a acrescentar, somou-se à incompetência e à irresponsabilidade de Manuel Pizarro, sendo que ambos são, neste momento, os grandes responsáveis pela situação caótica que se vive no SNS.
A nossa ética deontológica é perante os utentes, não o ministro, o primeiro-ministro ou o governo.
Ao longo dos locais por onde tem passado a Caravana da FNAM, que tem reforçado a mobilização dos médicos para que se recusem a exceder o limite legal das 150 horas de trabalho suplementar, tornou-se possível um retrato preciso do estado em que Manuel Pizarro (MP) e António Costa (AC) deixaram o SNS.
Ao contrário do que MP e AC insinuam com a sua propaganda, os médicos já fizeram este ano este ano muito mais do que 150 horas extraordinárias: muitos fizeram 500, 600, 700 horas extraordinárias. Não é possível manter o SNS refém de trabalho suplementar. Não pode ser esta a grande reforma pretendida para o SNS.
Com as unidades de saúde e os hospitais mais periféricos a serem os primeiros a sentir os efeitos da falta de médicos – que agora se tornou indisfarçável sem a possibilidade de o esconder com o abuso do recurso às horas suplementares – alertamos que a situação vai ficar ainda mais difícil em novembro, uma vez que parte significativa dos médicos entregaram as suas declarações em outubro, nomeadamente em hospitais de referência como o Hospital Santa Maria, em Lisboa, os Hospitais de Santo António e de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.
Sublinhamos, em solidariedade, as razões invocadas pelos colegas de Santarém, do serviço de Medicina Interna, cujos especialistas e internos da especialidade entregaram em conjunto as declarações de indisponibilidade para a fazer mais do que 150 horas suplementares por ano, à qual somaram um “Manifesto de Protesto” corajoso, enviado ao Conselho de Administração, sobre as razões da nossa luta.
O retrato é de tal modo grave que o seu levantamento fala por si: Serviços de Urgências que já enfrentaram encerramentos: Barcelos, Caldas da Rainha, Chaves, Guarda, Santarém e Tomar.
Serviços de Urgência fortemente condicionados e com equipas insuficientes em: Almada, Amadora, Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Famalicão, Figueira da Foz, Lamego, Leiria, Lisboa, Matosinhos, Penafiel, Ponte de Lima, Porto, Póvoa de Varzim, Portalegre, Portimão, Santa Maria da Feira, Tomar, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia, Vila Real e Viseu além de Barcelos, Caldas da Rainha, Chaves, Guarda, Santarém e Tomar, onde além dos encerramentos também se verificam constrangimentos nos demais serviços.
Além dos serviços de urgência, há efeitos conexos, fruto da deslocação dos médicos de outros serviços para as escalas dos serviços de urgência, nos serviços de Anestesia, Cardiologia, Cirurgia, Ginecologia-Obstetrícia, Medicina Interna, Medicina Intensiva, Ortopedia e Pediatria.
Acrescem a este cenário as dificuldades nas maternidades. Com as urgências do Hospital de Santa Maria e do Hospital das Caldas da Rainha encerradas para obras, há condicionamentos graves em Almada, Amadora, Aveiro, Barreiro, Caldas, Leiria, Loures, Santarém, Setúbal, Vila Franca de Xira.
Conforme se pode verificar praticamente não sobra SNS ao Ministério da Saúde de Manuel Pizarro e ao Governo de António Costa, que devem ser responsabilizados por todas as consequências da sua irresponsabilidade e incompetência.
O tempo das negociações não produziu nada, foi uma encenação infrutífera, por decisão política do ministério de Manuel Pizarro e do Governo de António Costa, onde a única coisa que deixaram aos utentes e aos médicos foi o aprofundamento, unilateral, das razões que conduziram à atual situação, pelo que o tempo que agora vivemos é de soluções, tão urgentes como é todo o universo do SNS.
🛑 GREVES DE MÉDICOS | 17 e 18 out | 14 e 15 de nov
💪🏽 MANIFESTAÇÕES PELO SNS | 17 de outubro e 14 de novembro
⚠️ NEM MAIS UMA HORA extraordinária (descarrega a minuta)
Dando continuidade ao Tour que a FNAM tem vindo a fazer pelo país, mobilizando os médicos para que se recusem a exceder o limite legal anual de 150 horas suplementares, uma delegação da FNAM/SMN deslocou-se a Vila Real, ao Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro, e uma delegação da FNAM/SMZC deslocou-se ao Centro Hospitalar de Leiria e ao Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.