Face ao inadmissível arrastamento negocial e à atitude deliberada das delegações ministeriais/governamentais de boicotar a discussão e a resolução dos vários problemas reivindicativos, entendeu o Conselho Nacional da FNAM que se tornava urgente adoptar uma posição de força, tendo por isso decidido marcar uma greve de 3 dias para o mês de Abril.
No entanto, sempre considerámos que a unidade dos médicos deveria ser salvaguardada, esgotando todas as possibilidades de convergência entre as 2 organizações sindicais e entre estas e a Ordem dos Médicos e demais estruturas.
Nesse sentido, realizaram-se reuniões, onde foram debatidas as diferentes perspectivas, procurando sempre privilegiar a unidade de acção.
Como resultado directo desses esforços de convergência foi tomada a decisão se fazer mais uma greve conjunta para os dias 8, 9 e 10 de Maio.
Para a FNAM, a unidade dos médicos e das suas organizações não é um recurso panfletário, mas corresponde a uma determinação programática.
Para a FNAM, a unidade faz-se entre diferentes, e por isso torna-se incontornável discutir as diferenças e saber, sem clubismos estéreis, encontrar os denominadores comuns, na certeza de que a gravidade dos problemas que nos afectam e dos ataques em curso para desintegrar a profissão médica e alienar competências próprias dos médicos atingiram níveis alarmantes que não permitem divisões evitáveis na acção reivindicativa.
Quando os interesses dos médicos se sobrepõem a quaisquer outros, os esforços de convergência são sinais de maturidade e de elevado sentido de responsabilidade.
A Greve marcada para Maio constitui um inequívoco exemplo desses esforços.
Lisboa, 20/3/2018
A Comissão Executiva da FNAM
A equipa de pediatria do Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. expôs publicamente, esta semana, a situação de rotura do Serviço de Urgência Pediátrica, numa carta dirigida ao Presidente do Conselho de Administração do Hospital e enviada também à FNAM.
«Termos actualmente uma equipa exausta, envelhecida, insuficiente para assegurar as necessidades do Serviço, que trabalha para além dos limites legais e humanamente razoáveis. A escala de Urgência de Pediatria está actualmente em rotura», denunciam os pediatras no documento.
A situação é de tal forma grave que os médicos alertam para a impossibilidade de assegurar a totalidade dos dias de urgência e, já em março, haverá períodos de 12h sem pediatra escalado no Serviço de Urgência.
FNAM está solidária com a luta dos médicos do serviço de Pediatria de Évora, exigindo ao Ministério da Saúde a rápida resposta na melhoria das condições de trabalho desses médicos, assim como rápida abertura de concurso para recrutamento de mais médicos pediatras para esse serviço.
Após a reunião do dia 8 de março com a equipa do Ministério da Saúde, a FNAM considera que o Ministério continua a adiar as negociações, não respondendo à maior parte dos problemas apresentados.
Apesar da alteração de 200 para 150 horas anuais como limite de trabalho extraordinário para serviço de urgência, em igualdade à restante Função Pública, estar a ser equacionada para 1 de abril de 2018, mantém-se o impasse na alteração de 18 para 12 horas de serviço de urgência dentro do horário normal de trabalho, bem como a diminuição da lista de utentes.
Este Ministério teima em arrastar as negociações, alegando que necessita de «grupos de trabalho» para estudar o impacto da diminuição do número de horas de urgência. Esclareça-se desde já: a mudança de 18 para 12 horas em serviço de urgência é uma reposição de uma medida imposta pela «troika».
O Ministério da Saúde também defende a necessidade de outro «grupo de trabalho» para estudar a diminuição da lista de utentes, por considerar ser necessária a revisão da forma de contabilização do número de utentes. A questão é que este Ministério está a rever a lista de utentes desde o início da sua legislatura e a ausência de conclusões só demonstra uma grande incapacidade de gestão, além de se ter esquecido que a diminuição da lista de utentes é também ela uma reposição de uma medida imposta pela «troika».
O Ministério da Saúde não foi capaz de responder sobre o que vai fazer aos médicos indiferenciados, resultantes da promulgação do novo Decreto-Lei do Internato Médico, apenas comentando que será um «problema».
Também não foi capaz de responder ao facto de ter aberto apenas 500 vagas para os recém-especialistas da área hospitalar. Confrontado com os números dos contratos individuais efetuados diretamente pelos hospitais, a resposta foi o silêncio.
Quanto aos concursos para colocação dos médicos especialistas, os atrasados são «outro problema», mas afirmou que a partir deste momento esta questão será resolvida.
Quanto à negociação das carreiras e grelhas salariais, foi afirmado pela Secretária de Estado, Dra. Rosa Valente de Matos, que «neste ano não há espaço para isso» e quanto ao subsídio de risco e penosidade, afirmou também que não é matéria da responsabilidade do Ministério da Saúde.
Não houve qualquer resposta ou proposta para todas as outras questões constantes do caderno reivindicativo da FNAM.
Chega! Os médicos dizem basta!
A FNAM reitera as suas reivindicações:
- Revisão da Carreira e das Grelhas Salariais tendo por base o regime de 35 horas;
- Descongelamento imediato da carreira médica com a devida progressão salarial;
- Dar um médico de família a todos os cidadãos, acabando-se com as quotas para a criação de USF de modelo B;
- A qualidade dos cuidados prestados aos doentes com o retorno para serviços de urgência de 12 horas e listas com 1917 Unidades Ponderadas equivalente a 1550 utentes;
- Abertura de concursos anuais para médicos em épocas fixas e céleres de provimento de Assistente e Assistente Graduado Sénior e habilitação ao grau de Consultor;
- A criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos;
- Recusa da existência de médicos indiferenciados, exigindo-se mapa de vagas anuais consentâneos com as necessidades do país, e formação pós-graduada.
A Comissão Executiva da FNAM
10.03.2018
A FNAM recebeu, no dia 5 de março, uma proposta sobre as matérias a tratar na reunião com o Ministério da Saúde que confirma a vontade e decisão política de continuar a não apostar nos médicos e no desenvolvimento qualitativo da carreira médica. Continuam instaladas as condições para o descontentamento dos profissionais e a degradação do Serviço Nacional de Saúde.
Vejamos:
- Nada, mesmo nada, é referido em relação à carreira médica e à tabela salarial. A revisão da Carreira e das Grelhas Salariais é a matéria primordial das reivindicações da FNAM
- Nada, mesmo nada, em relação à progressão na carreira. Nem uma palavra sobre como se irá progredir em termos horizontais, tendo em conta que o SIADAP médico, comprovadamente, não serve. O descongelamento imediato da carreira médica com a devida progressão salarial é uma exigência imediata da FNAM.
- Nenhuma proposta quantificada em termos redução das horas contratadas a empresas de mão-de-obra médica. A FNAM quer o fim das contratações por empresas de prestação de serviços médicos indiferenciados e da contratação individual desregrada pelos Hospitais EPE.
- Nem uma palavra sobre os limites à progressão das Unidades de Saúde Familiar (USF). Um estudo do próprio Ministério concluiu que se o país estivesse todo em USF, pouparia 100 milhões de euros anuais! A FNAM exige que se acabe com as quotas para a criação de USF de modelo B e se atribua médico de família a todos os cidadãos.
- O sistema retributivo para os Centros de Resposta Integradas (CRI), nem vê-lo.
- Sobre a lista de utentes dos Médicos de Família (MF), há a criação de mais um grupo de trabalho, sem quaisquer consequências práticas a não ser garantir que nenhum MF verá reduzida a sua lista de utentes! A FNAM exige listas com 1917 Unidades Ponderadas, equivalente a 1550 utentes por médico;
- Nenhuma proposta objetiva para acabar com os médicos indiferenciados. A FNAM recusa a existência de médicos indiferenciados, exigindo-se mapa de vagas anuais consentâneos com as necessidades do país e formação pós-graduada.
- Nada é dito sobre algum plano de melhoria das condições de trabalho, seja nos Hospitais ou nos Centros de Saúde.
- Nem uma palavra em relação à ausência de pagamento dos suplementos devidos aos médicos de Saúde Pública. A FNAM exige que o roubo a estes médicos termine!
- A FNAM exige total transparência na abertura das vagas para os recém-especialistas. Não se entende porquê o porquê da abertura de apenas 500 vagas quando os concorrentes são 700 e há carência de médicos em quase todos os hospitais.
O Conselho Nacional da FNAM, reunido hoje, 3 de Março, em Coimbra, teve a oportunidade de debater e analisar circunstanciadamente os problemas que se colocam aos médicos, ao Serviço Nacional de Saúde e as suas repercussões na qualidade e no acesso a cuidados de saúde pelos cidadãos portugueses, e entende que se mantêm, sem alterações significativas, as preocupações que têm motivado elevada insatisfação entre os médicos.
O Conselho Nacional da FNAM, face à incapacidade do Ministério da Saúde em garantir os diversos compromissos já assumidos, decidiu propor ao Fórum Médico a realização de três dias de Greve Nacional para os dias 10, 11 e 12 de Abril, com manifestação nacional, à frente do Ministério da Saúde, no dia 10 de Abril.
A FNAM defende:
- A revisão da Carreira e das Grelhas Salariais tendo por base o regime de 35 horas;
- O descongelamento imediato da carreira médica com a devida progressão salarial;
- Dar um médico de família a todos os cidadãos, acabando com as quotas para a criação de USF de modelo B;
- A qualidade dos cuidados prestados aos doentes com o retorno para serviços de urgência de 12 horas e listas com 1917 Unidades Ponderadas, equivalente a 1550 utentes;
- Abertura de concursos anuais para médicos em épocas fixas e céleres de provimento de Assistente e Assistente Graduado Sénior e habilitação ao grau de Consultor;
- O fim das contratações por empresas de prestação de serviços médicos indiferenciados e da contratação individual pelos Hospitais EPE;
- O limite de trabalho extraordinário anual para as 150 horas, em igualdade com toda função pública;
- A criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos;
- A separação progressiva dos sectores público e privado.
- A recusa da existência de médicos indiferenciados, exigindo-se mapa de vagas anuais consentâneos com as necessidades do país e formação pós-graduada.
Na continuidade da postura mantida pela FNAM, mantemos a atitude de defesa da qualidade de cuidados de saúde prestados e a Saúde dos Portugueses.
O Conselho Nacional da FNAM
03/03/2018
A FNAM defende que após 30 dias da finalização do internato e na ausência de publicação de procedimento concursal, todos os recém-especialistas reclamem os créditos salariais de Assistente Hospitalar.
Recordando o princípio elementar de que «para trabalho igual ou de valor igual, salário igual», é legalmente inadmissível que um recém-especialista a quem seja determinada a realização das funções correspondentes à categoria de assistente não receba a correspondente contrapartida remuneratória, enquanto aguarda pelo procedimento concursal para além do prazo de 30 dias (aprovado a 9 de Fevereiro de 2018, no Parlamento), e cujos atrasos não lhe podem ser imputados e decorrem da ineficiência da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e do Ministério da Saúde.
Neste período, os médicos recém-especialistas que optam por permanecer no SNS, exercem efectivamente e por determinação superior as funções correspondentes à categoria de assistente, pelo que é posição da FNAM que têm de ser remunerados como tal, devendo receber pela base da Tabela Salarial Única da Carreira Médica, isto é, 2.746,24€ mensais, tal como todos os seus colegas que desempenham diariamente as mesmas funções e estão sujeitos aos mesmos deveres laborais.
No dia 8 de fevereiro, os Sindicatos Médicos – a FNAM e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) – reuniram com o Ministério da Saúde (MS). Esta reunião ocorreu após vários meses de silêncio por parte do MS, que interrompeu unilateralmente o processo negocial.
Na reunião, estiveram presentes a Secretária de Estado da Saúde, Rosa Valente de Matos, e o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo. Constatamos que a substituição de alguns dos elementos da delegação não representou qualquer evolução na posição governamental
Os pontos que a FNAM considera imprescindíveis, como a negociação da carreira médica e da grelha remuneratória, a diminuição da lista de utentes dos médicos de família e os limites do trabalho urgente e extraordinário, continuam sem qualquer contraproposta por parte do Ministério da Saúde. Estes pontos continuam a ser os mesmos que motivaram duas greves no ano passado.
Em Coimbra, incluídas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, existem a Maternidade Bissaya Barreto e a Maternidade Daniel de Matos. Cada uma delas realiza aproximadamente 2500 partos e cerca de 18 000 consultas por ano. A quantidade de partos realizada em cada uma das maternidades é superior à de outros Hospitais Centrais em Lisboa. Estas maternidades constituem a reta final para onde são enviados casos complexos de toda a região, nomeadamente do Hospital de Leiria, Aveiro entre outros.
Após a fusão dos HUC e CHC muito se tem especulado acerca de uma nova maternidade mas tal nunca passou de uma miragem.
Entretanto ambas as maternidades têm problemas graves de recursos humanos não apenas médicos mas também de outros profissionais. Tal põe em causa a continuidade da qualidade de assistência a grávidas e bebés, as escalas de urgência e a manutenção do protocolo de acompanhamento com os cuidados de saúde primários que contempla 3 consultas e ecografias em fases essenciais da vigilância da saúde da grávida.
A Federação Nacional dos Médicos mostra-se surpreendida com a exclusão total dos representantes médicos da revisão da Lei de Bases da Saúde, mesmo que reconheça a urgência do projecto legislativo e a vontade de alargar aos representantes dos utentes do Serviço Nacional de Saúde.
Seguramente incentivado pela publicação recente do livro Salvar o SNS - Uma nova Lei de Bases da Saúde, de António Arnaut e João Semedo, o Ministro da Saúde, através do Despacho n.º 1222-A/2018, de 31 de Janeiro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 24, de 2 de Fevereiro de 2018, criou a Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, e designou os seus membros.
O Despacho nº 1194-A/2018, publicado ontem, apesar de afirmar que a defesa do SNS é prioritária bem como o relançamento da reforma dos Cuidados de Saúde Primários e a criação de novas Unidades de Saúde Familiares (UF), vem pelo contrário atacar de forma inaceitável os Cuidados de Saúde Primários e o direito dos utentes a uma assistência com a melhor qualidade possível!
Ao limitar a 30 o número de USF modelo A a constituir em 2018, limita de forma cínica o esforço, o sonho e a vontade dos profissionais para se organizarem neste modelo de assistência que traz mais valias para os utentes, sem qualquer impacto financeiro.
Por outro lado, não existe qualquer lógica de impedir a totalidade das 27 USF modelo A que estão prontas a progredirem para o patamar seguinte de USF modelo B, ao limitar a transição a apenas vinte.
A contratualização com os Cuidados de Saúde Primários (CSP) é assumida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) como essencial à «disseminação das boas práticas assistenciais e organizacionais que assegurem elevados níveis de acesso, qualidade e eficiência no SNS». No entanto, nas Unidades Funcionais ainda não há sinais de qualquer processo de negociação de contratualização interna, que deveria ter começado a 15 de Dezembro de 2017, segundo o cronograma constante no documento «Termos de Referência para contratualização de cuidados de saúde no SNS para 2018».
Estamos a menos de um mês da data limite, 28 de Fevereiro de 2018, constante no mesmo documento, para terminar o processo de contratualização interna e externa. Entretanto, a ACSS ainda não publicou os indicadores que deveriam ser atualizados anualmente, após negociação com as ordens profissionais e os sindicatos.
Como espera o Ministério da Saúde terminar algo tão complexo, como, neste caso, a contratualização, quando ainda nem sequer começou o processo a nível das Unidades Funcionais.
Além disso, no Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários (BI-CSP), parte integrante da página do portal do SNS, tão publicitado recentemente pelo Ministério da Saúde como uma ferramenta essencial à transparência e contratualização, nada consta na área de contratualização!
A atividade dos CSP baseia-se nesta contratualização e a sua inexistência até ao momento levanta graves problemas na organização da atividade assistencial! A responsabilidade desta ineficiência é da ACSS, das Administrações Regionais de Saúde (ARS), dos Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) e, em última análise, do Ministério da Saúde!
1 de Fevereiro de 2018
A Comissão Executiva da FNAM
Após uma greve a 8 de Novembro, com participação muito expressiva dos médicos, e após dois meses sem qualquer contraproposta ou marcação de reunião pelo Ministério da Saúde, as organizações sindicais médicas solicitaram a 9 de Janeiro reunião urgente ao Ministro da Saúde.
A resposta do Ministério, com marcação de reunião apenas para o dia 22 de Fevereiro, além de tardia não acrescenta qualquer proposta escrita para responder aos problemas dos médicos, que foram a causa de várias greves no decurso do ano transato. Esperava-se maior celeridade e sinceridade negocial para prevenir novos confrontos.
O SNS está em decadência e uma das causas primeiras é a destruição das carreiras médicas, assim como:
- não realização de concursos de provimento e habilitação
- baixos salários
- contratação precária que destrói o espirito de equipa multidisciplinar
- imensa falta de recursos humanos médicos nos cuidados primários e na organização hospitalar
- horários com demasiadas horas de urgência prejudicando a atividade organizada quer em consultas, cirurgias ou realização de técnicas, entre outros.
Assim, foi novamente solicitado, a 25 de Janeiro, o agendamento urgente de reunião e posição escrita do Ministério da Saúde sobre as matérias em discussão, até 8 de Fevereiro.
Esperemos que o Ministério da Saúde finalmente assuma de forma frontal e transparente, a saída deste impasse negocial e que reconheça nos profissionais médicos um parceiro de importância vital no desenvolvimento do SNS. Só existindo profissionais motivados e com condições de trabalho é possível travar a degradação do SNS.
29 de Janeiro de 2018
A Comissão Executiva da FNAM