Delegação da FNAM na 5 conferência internacional de sindicatos médicos

5ª Conferência Internacional de Sindicatos Médicos reforça importância da luta pelas condições de trabalho

Decorreu nos dias 25 e 26 de janeiro a 5ª Conferência Internacional de Sindicatos Médicos, em Alicante, desta feita organizado pela Comunidade Valenciana da Confederação Estadual de Sindicatos Médicos (CESM-CV). A FNAM esteve presente com uma delegação com dirigentes dos Sindicatos do Norte, da Zona Centro e da Zona Sul, focados em alargar as fronteiras do Manifesto Internacional

Com cerca de 200 dirigentes sindicais oriundos de 12 países, a Conferência foi aberta pelo Ministro da Saúde da Comunidade Valenciana, Marciano Gómez, e pela Vice-Presidente do Colégio Médico, Isabel Moya, que deram a palavra a Patricio Martínez, presidente honorário da CESM, que centrou a sua intervenção na importância de cuidar da relação médico-paciente, sem esquecer que devemos trabalhar para recuperar o prestígio e a posição da profissão.

A Conferência foi organizada em seis mesas de trabalho e uma mesa redonda, onde se abordaram os problemas com os quais os médicos se deparam um pouco por todo o mundo.

Na primeira mesa ficou claro que o foco deve ser a tolerância zero aos ataques aos médicos e às suas condições de trabalho, que aumentaram exponencialmente nas últimas décadas.

A segunda mesa dedicou-se à situação da medicina privada e pública na América Latina e Espanha, cujas realidades foram colocadas em paralelo, evidenciando a dificuldade e os desafios de integração de dois sistemas de saúde tão diferentes.

O debate no terceiro grupo de trabalho deixou claro que é necessário trabalhar para melhorar as condições de trabalho dos profissionais médicos, não só pela salvaguarda dos próprios, mas sobretudo porque isso é condição essencial para manter um elevado nível de qualidade no atendimento aos doentes, que são sempre o centro da atividade médica.

Na mesa redonda representantes da Jamaica, do Uruguai, da Argentina, do Brasil e das Ilhas Baleares colocaram aos conferencistas os desafios que se colocam na luta sindical, quais as ações sindicais e as medidas de pressão que têm sido realizadas nos últimos anos, os objetivos que foram alcançados e os que ainda estão a ser alvo da luta dos médicos. Foi feita uma defesa da atualidade do sindicalismo, das formas de luta e da sua pertinência, cuja vitalidade é fundamental para continuar a defender a profissão.

Para o sucesso das lutas sindicais foi sublinhada a importância de se reforçar e modernizar a comunicação dos sindicatos, seja entre os seus membros seja com a população, de forma a manter a classe unida e ganhar a opinião pública para o lado dos médicos. 

O segundo dia e na quarta mesa do encontro o tema foi a migração de profissionais e o desafio das administrações centrais, sobretudo dos serviços públicos, em reter os talentos e os profissionais formados em cada país. Avaliando a situação nos diferentes países, foi claro que há uma migração de médicos dos países mais pobres para os mais ricos, realidade que desequilibra os serviços médicos sobretudo nos segundos. 

A quinta mesa olhou para o futuro da profissão médica, em particular a relação do sindicalismo com a inteligência artificial (IA), mas também do impacto da IA na prática clínica.

Na sexta mesa, o foco foi dado à formação médica especializada e à importância da formação continuada de profissionais, onde o papel dos sindicatos é essencial para facilitar os meios e a qualidade da formação. Foi discutida a certificação de profissionais: uma medida necessária, mas que deve ser aplicada com rigor para evitar injustiças e se centrar na promoção da formação contínua.

A Conferência foi encerrada por Carlos Mazón, Presidente da Generalitat (Governo Autonómico da Região de Valença), por Luís Barcala, Presidente da Câmara Municipal de Alicante, e pelo Secretário Geral do CESM, Victor Pedrera, que saudaram a organização do evento e manifestaram a sua satisfação pela sua realização na região valenciana.

Por fim, foi ainda anunciado que a 6ª Conferência Internacional de Sindicatos Médicos, a realizar em 2025, terá lugar no Brasil. 

APRESENTAÇÕES

CONFERÊNCIA INAUGURAL | Relação médico-paciente como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Patricio Martínez Jiménez

MESA 1 | Saúde Ocupacional. Esgotamento. Violência na área médica. Agressões.

Jorge Juan Curiel López; Pablo Maciel; Mª Jesús Hernando González

MESA 2 | Sistemas de saúde públicos e privados: comparação.

Javier Molina Vega; Waldir Cardoso

MESA 3 | Condições de trabalho: salários, jornada de trabalho. Guardas médicos. Lei comparativa.

Manuel Alegre Nueno; Soledad Iglesias

MESA REDONDA | Ações sindicais e medidas de pressão em conflitos.

Miguel Lázaro Ferreruela; José Minarrieta; Pablo Maciel

MESA 4 | Migração de profissionais: formação universal. Perda de oportunidade e vazamento de conhecimento.

Javier García Tirado; Janice Painkow

MESA 5 |O futuro da profissão médica: caminhos de progresso. Inteligência artificial e sindicalismo médico.

Maribel Moya García; João De Deus; José Minarrieta

MESA 6 | Formação médica especializada. “Formação médica continuada

Maribel Ruiz Almarcha; Sofía Climent Cerdán; Gustavo Noya

NOTA: Cada uma das apresentações que serviram de mote aos trabalhos estão disponíveis clicando no nome dos conferencistas.
Também estão disponíveis a intervenção de Joana Bordalo e Sá sobre a luta dos médicos em Portugal em 2023 e as expectativas da delegação da FNAM.

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