Centro Hospitalar Tondela-Viseu

Centro Hospitalar Tondela-Viseu com serviço de oncologia em ruptura instalada e com cirurgia oncológica em risco

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Em bom tempo, os Sindicatos Médicos (FNAM e SIM) e a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos denunciaram publicamente a situação do Serviço de Oncologia do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV). Um serviço altamente deficitário em recursos humanos e limitado por instalações físicas exíguas, indignas para o propósito que cumprem.

De realçar que a produção oncológica do CHTV é muito significativa. Anualmente são operados neste Centro Hospitalar cerca de 350 doentes com patologia oncológica do aparelho digestivo, 160 doentes com cancro da mama e ainda doentes oncológicos do foro ginecológico e urológico. Todos estes doentes necessitam de orientação em Consulta de Decisão Multidisciplinar, em que o Oncologista Médico é um elemento central. Muitos destes doentes necessitam de quimioterapia, sendo que a qualquer momento se encontram a realizar quimioterapia endovenosa no CHTV centenas de doentes.

À custa da abnegação dos médicos Oncologistas e do esforço da equipa multidisciplinar, todos os doentes oncológicos do CHTV têm sido, até agora, orientados e tratados de acordo com a mais recentes recomendações internacionais. O CHTV é aliás um Centro de Referência Nacional em alguma desta patologia.

A situação atingiu no entanto o ponto de ruptura e os colegas Oncologistas assumem a incapacidade de garantir a consulta e tratamentos de quimioterapia para novos doentes. Esta situação limite, já previsível desde há vários meses, levou a que nas últimas semanas os doentes com necessidade de iniciar quimioterapia estejam em suspenso à espera de uma solução. Quimioterapia essa que tem uma janela limite de eficácia.

Os médicos eximem-se de qualquer responsabilidade pelas consequências desta situação, cuja responsabilidade lhes é totalmente alheia.

A Consulta de decisão multidisciplinar e uma terapêutica integrada dentro da mesma instituição são pressupostos de qualidade na abordagem do doente oncológico. Os cirurgiões deste Centro Hospitalar assumiram já perante a Direcção Clínica a sua indisponibilidade para levar a cabo qualquer intervenção cirúrgica do foro oncológico, que não cumpra estes pressupostos. Esta postura de responsabilidade é de enaltecer.

Para estes doentes oncológicos, muitos deles debilitados física e psicologicamente, uma solução que envolva múltiplas viagens para outra instituição é simplesmente incomportável. E estamos a falar de centenas de doentes. É necessária uma solução aplicável localmente, respeitando os direitos destes doentes.

Não obstante o empenho na resolução desde problema por parte Direcção Clínica, os resultados são insuficientes. É responsabilidade da tutela, o Ministério da Saúde, assumir a condução deste assunto, de extrema gravidade, fruto aliás da política de desinvestimento no SNS.

As estruturas representativas dos médicos não deixarão de denunciar todas as situações, que como esta, coloquem em causa os direitos dos doentes, a qualidade e a universalidade do SNS.

Sindicato dos Médicos da Zona Centro (FNAM)
Sindicato Independente dos Médicos
Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos